quarta-feira, 20 de novembro de 2013

"Eu vivo uma vida
Uma vida programada
Uma vida já pensada
Uma vida induzida.
Estudar, faculdade, trabalho
Conhecer, amar, casar
Viver, viver, viver
Sou triste e solitária 
Sou feliz e tenho amigos 
Não posso fugir, estou presa
por laços invisíveis de sentimentos 
Não tenho Deus, não tenho Pátria
Não tenho sonhos nem ilusões
A vida não deixa.
Trabalho não é sonho 
Dinheiro não é sonho 
Família não é sonho
É obrigação, é dever
Querer fugir é desistir? 
Mas como desistir de algo 
que nem sequer eu quero?
Como desistir de algo 
que nem sequer pedi? 
Fugir, fugir, fugir
Não sei se vivo ou se sou vivida
Minha vontades são menores 
do que meu medo de desobedecer
do que meu medo de desaparecer
Porque? O que fiz? O que quis? 
Ninguém pode me ajudar 
Todos estão presos também..."
(por Bárbara Fortes, 05/09/13)

terça-feira, 9 de julho de 2013

Sobre tudo, sobre nada, sobre mim.

Me desculpe, eu penso.
Para quem peço desculpas? Não sei.
Porque eu peço desculpas? Também não sei.
Na verdade, não sei de nada e nem quero saber.
Não é que eu goste de não saber
Mas é que eu não gosto de saber... Certas coisas.
Me sinto confusa e por isso escrevo
Escrevo tudo ao mesmo tempo:
Textos, poemas, livros, sentimentos, dor e solidão
Escrevo tudo que posso enquanto posso, porque isso foge
Foge tão rápido quanto aparece e eu logo volto a minha inutilidade mental.
Sinto tão profundamente que parei
Parei no tempo, estática, sem pensamentos novos.
Sem ideias novas e muito menos sentimentos novos
E acabo vivendo nas sombras do que eu era, do que eu sentia.
Me desculpe, eu penso de novo.
Só isso que eu sei dizer.
Para mim, para eles, para ninguém.
Apenas, me desculpe, por ser assim.

domingo, 16 de junho de 2013

...

Tenho vergonha, mas admito que ás vezes
quando me deixa levar pelos meus pensamentos
eles ainda me levam até você.
Eles te acham escondidinho dentro de mim.
Te acham em um universo mental paralelo,
onde você está comigo e onde estou feliz...
Mas isso dura um momento.
Sacudo minha cabeça e cantarolo uma música.
(Bárbara Fortes - 09/05/13)

sábado, 15 de junho de 2013

A calma do choro.

Se for para chorar, que seja de tanto sofrer
de tanto sentir, de tanta dor
Que não seja de felicidade, nem de falsidade.
Que seja um choro verdadeiro, para encher uma banheira com lágrimas tristes
de um amor verdadeiro.
Mas que substitua o sangue escorrido dos pulsos cortados, 
substitua vontades obscuras e desejos macabros. 
Que chore tudo para fora: coração, s.frimento, pensamentos, tudo; 
e que sobre aquele vazio gostoso, aquela calma e paz,
que só uma mente vazia e um corpo aliviado consegue sentir.   
Por tanto, chore, chore, chore...
                                                                          
                                                                 (Bárbara Fortes - 23/01/13)

Ás vezes...

Ás vezes me esqueço de pensar, 
me esqueço de falar...
Ás vezes me esqueço de ouvir 
e de entender aquilo que percebo
Esqueço também de rir, de chorar, até mesmo de sentir
Muitas vezes acabo esquecendo de ser,
e acabo não sendo...
Esqueço de muitas coisas,
principalmente de esquecer aquilo
que eu já deveria ter esquecido.
Percebo que vivo esquecendo
e tento não fazer com que isso
me deixe esquecer de viver...
                                          
                                                                    (Bárbara Fortes - 29/11/12)  

quarta-feira, 5 de junho de 2013

"Time passes.
Even when it seems impossible.
Even when each tick of the second
hand aches like the pulse of blood behind a bruise
It passes unevenly, in strange lurches and
dragging lulls, but pass it does.
Even for me"
                                            (New Moon)
"...e então, sentada sob o céu cheio de estrelas, me deixei navegar pelo desconhecido, pelo fluxo nervoso de meus pensamentos mais inquietantes, e me senti livre, pela primeira vez em muito tempo."

segunda-feira, 18 de março de 2013

30 segundos.



E então eu pulei, naquele abismo sem fundo... Onde eu acreditaria que seria meu fim. Oh, meu tão esperado fim, ele que fantasiei por tanto tempo: mas não era assim minhas fantasias. Era sempre muito dramático, grande, um evento tão exageradamente grande que pessoas parariam suas vidas, SUAS MÍSERAS VIDAS por causa de minha morte.
Irônico eu querer uma morte assim, não é? Logo eu, que evito drama e evito ser o centro de algo, que evito olhares e palavras e sentimentos e tudo o que essa escória humana quer, tudo o que eu quero e tudo o que eu não sou. Tudo o que eu nunca fui e nunca serei.
Eu via as pessoas ali, no meio de algo, dançando, dançando muito, se libertando, sendo feliz... Sem pensamentos ruins, sem medos, sem angústias, só dançando no centro de uma pista de dança, no centro de uma festa, apenas sendo a essência, a beleza. E enquanto eles dançavam, eu estava ali, no canto, bem ali onde ninguém normalmente olha, onde ninguém normalmente está, eu estava ali só olhando e observando e querendo estar ali no meio, dançando... Ah, se eu tivesse forças para me levantar e tirar todo esse peso de cima de mim, e me libertar nem que seja por apenas uma música. Apenas uma música. Poderia ser o momento mais feliz de minha vida durante aqueles poucos minutos.
Escolhi esse para ser o melhor momento da minha vida. Minha morte. Essa sou eu dançando no meio da pista de dança, essa sou eu apenas sendo. Mas como eu disse não está sendo como eu imaginei como eu passei horas imaginando.
Eu poderia subir no prédio mais alto da avenida mais movimentada e simplesmente cair em cima do trânsito, que quase nunca para... Eu poderia levar para a escola a maior quantidade de remédios que eu poderia achar em minha casa, tomar tudo no banheiro e voltar para a aula, que quase nunca para... Eu poderia me enforcar em alguma árvore do centro da cidade, onde há comércios, que quase nunca para... Tudo isso seria uma morte digna, seria mais do que uma morte: seria um acontecimento! Pessoas se comoveriam, pessoas chorariam, pessoas que nem me conhecem, que nunca ouviram falar de meu nome, choraria por mim em meu túmulo. Falariam meu nome como se ele importasse e por, aproximadamente, duas semanas seria sobre mim, reportagens e reportagens e reportagens. Quem era ela? O que houve? Qual era sua história? Quem era amigo dela? Seriam as duas semanas de puro e somente eu.
Mas sabe de uma coisa? Eu desisti. De tudo, e quando falo tudo quero dizer tudo, até de minhas próprias vontades. Desistir de fazer a lição de casa, desisti de limpar meu quarto, desisti de ouvir música, de ler, de dar risada, de falar sim e de quase nunca falar não, desisti de dormir, de sonhar, desisti de ir à praia, de conversar, desisti de ter um emprego, de ter filhos, uma família, desisti do natal, do ano novo e de meu aniversário. Desisti de fazer o que eu queria fazer, até mesmo de causar o impacto que eu queria causar, simplesmente e absolutamente tudo. Principalmente, desisti de ser eu e resolvi não ser, de evaporar, sumir, virar pó em baixo da terra.
E tenho certeza de que foi a melhor decisão de minha vida. Então resolvi apenas ir ali, naquele morro perto de casa, naquele morro alto, alto, alto alto... E então eu pulei...